A Juventude – a eterna e a efémera – é o assunto central do quinto número da revista Electra. Diz-se na apresentação deste dossier que «à altíssima quota que a ideia de juventude detém no mercado de valores estético-sociais não corresponde a situação real dos jovens que, por um lado, são nalguns aspectos uma geração dilapidada e, por outro, só eles estão aptos a acompanhar o tempo que acelerou vertiginosamente.»
Nesta secção, o escritor e jornalista inglês Jon Savage traça a história da cultura da juventude; o poeta e professor Daniel Jonas escreve, a partir de dois exemplos cinematográficos, sobre a sua experiência de lidar com jovens em idade escolar; o filósofo italiano Remo Bodei reflecte sobre a fractura geracional que marca a nossa situação histórica; o professor Vinícius Nicastro Honesko, escreve sobre Pier Paolo Pasolini e a sua relação intelectual com os jovens estudantes protagonistas das revoltas de 1968; o editor António Pedro Marques narra a sua experiência de juventude vivida no “último subúrbio de Lisboa”; o investigador e professor José Bragança de Miranda aborda a representação e as mitologias da juventude e da velhice; a professora Matilde Castro Mendes testemunha a sua relação com os jovens estudantes de um liceu nos arredores de Paris. Ainda no âmbito deste tema, cinco jovens (Pedro Florêncio, Madalena Fragoso, Flávio Gonçalves, André Martins, Maria José Sbrancia) falam de si e do mundo a partir das suas experiências pessoais.
O portfolio deste número é do arquitecto Michael Morris e do atelier Search +, intitulado 5 Casas em Marte, que reúne os projectos de habitat espacial desenvolvidos em colaboração com a NASA, ao longo da última década.
A entrevistada é a historiadora e crítica de arte Elisabeth Lebovici, autora de estudos importantes sobre artistas contemporâneos e do livro Ce que le sida m’a fait que testemunha o efeito da sida no campo das artes e o activismo contra a forma como as instituições lidaram com a doença, temas centrais desta entrevista.
Nesta edição, o professor e ensaísta Jeremy Gilbert, comenta uma provocatória citação de Friedrich Nietzsche; o escritor e filósofo francês Michel Erman fala-nos da relação de Marcel Proust com o dinheiro e do que ele representou na sua obra e na sua vida; o arquitecto e curador André Tavares aborda os trabalhos de reabilitação e destruição dos centros históricos de Lisboa e Porto; a curadora e investigadora Cristiana Tejo evoca e analisa a única edição da Bienal de Arte Latino-americana de São Paulo, realizada em 1978; o antropólogo e curador belga Filip De Boeck descreve a cidade de Kinshasa a partir de dois elementos metafóricos: o buraco e a montanha; e o filósofo Yves Michaud escreve sobre a palavra «conceito».
Na quinta edição da Electra é ainda publicado um diário do encenador de teatro e ópera Rafael R. Villalobos, onde pensa e escreve sobre a sua vida e o seu trabalho, afirmando uma consciência artística, cultural e política. Na secção «Obras Escolhidas», António Guerreiro escreve sobre a dimensão política da poesia de Manuel Gusmão e Marta Lança aborda a questão da identidade de género e racial a partir do livro de bell hooks, Não serei eu mulher?.