Tratamos, neste dossier, da curiosidade: científica, literária, artística. E traçamos a história dessa ideia nos seus momentos fundamentais: vista, na Idade Média, como um vício e uma transgressão merecedores de punição moral e religiosa, a curiosidade passou na Idade Moderna a ser considerada uma faculdade (ou mesmo uma paixão, como a classificou Hobbes, entre muitas outras paixões), que está na base da busca de conhecimento e do novo espírito científico.Trata-se de um tema que não ocupa um lugar de evidência no nosso tempo — em que o saber e a informação são impulsionados por mecanismos exteriores àquela vontade de saber que definia a curiosidade —, mas convoca questões trans-históricas do conhecimento, da moral e da religião. Pertinente, nestas circunstâncias, é lembrar que a etimologia da palavra «curiosidade» remete para o latim curare, abarcando assim um campo semântico que tem que ver com o cuidar. Cuidemos então de algumas questões por onde a curiosidade nos transporta.