Muitas vezes, pensamos na Acrópole de Atenas como se tivesse sido sempre como a conhecemos, ou melhor, como se tivesse perdido algo do seu esplendor original apenas com o passar do tempo. E, face às reivindicações recorrentes dos governos gregos que exigem o retorno dos mármores que Lord Elgin levou do Parténon para Londres, e que estão hoje no British Museum, muitos acreditam que essa perda foi o único ou o maior momento do declínio que teria posto fim, de um momento para o outro, à beleza perfeita da Acrópole de Péricles. Não é bem assim. A Acrópole foi, ao longo dos séculos, o núcleo de um jogo de montagem e desmontagem; e foi o cristianismo, ao transformar o Parténon em igreja e ao transferir a tomada de posse do bispo para o Propileu, que alterou radicalmente o seu aspecto. Nessa altura, o Parténon foi muito modificado: foi-lhe retirada a imponente estátua de Atena, em marfim e ouro, foi fechada a entrada principal, a nascente, e foi aberta uma nova entrada na parte oposta; foi construída uma abside no interior da cela e as colunas exteriores foram unidas umas às outras por um muro (como acontece ainda hoje na Catedral de Siracusa, um templo contemporâneo do Parténon).