Numa época numérica e digital em que a quantificação se tornou o principal instrumento de governação e de avaliação generalizada como modo de gestão dos recursos materiais e humanos, a Electra dedica o dossier da edição 15, aos Números. Aqui encontramos artigos sobre o conhecimento e a filosofia do número, a moderna governação através dos números, a história do algoritmo desde a idade média ao seu funcionamento nas redes digitais, da autoria de Dario Gentili, António Guerreiro, Keith Hossack, Matteo Pasquinelli, Alain Supiot. As imagens do dossier são da autoria de António Sena, criador de uma obra de grande coerência formal e de valiosa singularidade na arte contemporânea.
Na secção “Primeira Pessoa” são publicadas duas entrevistas: de Alice Rawsthorn (pela curadora Vera Sacchetti), uma das vozes mais escutadas mundialmente no campo do design, crítica e colunista dos mais importantes jornais e revistas, com uma grande intervenção e influência nos fóruns de debate e nas redes sociais; e do fotógrafo Paulo Nozolino (pelo jornalista João Pacheco), artista de vocação nómada, atravessador de fronteiras, e avesso aos lugares serenos e às imagens tranquilas que lhes correspondem.
Ângela Ferreira é a autora do portfolio deste número. Ocupando-se, há mais de três décadas, das questões do passado colonial, do presente pós-colonial e do futuro que agora começa a desenhar-se, a artista apresenta aqui um conjunto de pinturas realizadas a partir de murais. Este trabalho é acompanhado por um ensaio da curadora e historiadora Nomusa Makhubu.
O consagrado fotógrafo norte-americano John Divola preparou, para a secção “Furo”, um conjunto de trabalhos inéditos, que pertencem a uma série, ainda em curso de realização, no interior duma base aérea militar, no deserto da Califórnia. Afonso Dias Ramos apresenta o artista e a sua obra.
Na décima quinta edição da Electra, é ainda publicado um diário da cantora e compositora Lula Pena; Gonçalo Vilas-Boas traça um retrato da escritora, jornalista e fotógrafa Annemarie Schwarzenbach, uma das figuras mais fascinantes da primeira metade do século XX; Antonio Montefusco lança um olhar crítico sobre o aproveitamento ideológico e político a que as comemorações oficiais dos centenários de Dante Alighieri foram submetidas desde o século XIX; a investigadora de comunicação política Susana Salgado comenta uma afirmação de Noel Gallagher, antigo vocalista dos Oasis; António Guerreiro escreve sobre a poesia de António Franco Alexandre; e Fátima Rolo Duarte fala-nos da expressão “Novo Normal”.