"As mudanças culturais e económicas transformaram a própria Arte, que passou a estar integrada nas actividades económicas, turísticas, culturais e mundanas às quais comunica o seu valor." escreve Yves Michaud em “Sobre Arte Contemporânea”, o dossier da Electra 14. Partindo de uma perspectiva que é a da crítica e a da sociologia e economia da arte, este dossier contempla as questões estéticas e as formas artísticas, mas também o funcionamento desse sistema e as suas determinações. Estes vários e polémicos aspectos da arte contemporânea são abordados, no Editorial, por José Manuel dos Santos e António Soares, e, na secção Assunto, por Camille de Toledo, Yves Michaud, António Guerreiro, Paul Werner, Jovan Mrvaljevic e Gregory Sholette.
O filósofo francês Didier Eribon é o entrevistado desta edição de Electra e fala-nos do seu livro autobiográfico Regresso a Reims, mas também de temas como o determinismo social, estudo dos géneros, o estado da política; e de figuras como Michel Foucault, Georges Dumézil, Hervé Guibert, Claude Lévi-Strauss, Annie Ernaux.
A fotógrafa neerlandesa Viviane Sassen preparou para o Portfolio deste número um conjunto de imagens recentes e inéditas, que mostram simultaneamente o que, ao longo da sua carreira, a singularizou como artista e a actual fase da sua criação visual. Este trabalho é acompanhado por um ensaio da curadora e escritora Josseline Black.
Na Electra 14 o ensaísta e curador Juan Manuel Bonet, antigo director do Museu Reina Sofia, analisa os escritos sobre arte do poeta Octavio Paz, Prémio Nobel da Literatura; o filósofo italiano Dario Gentili, comenta uma frase de Robert Musil, retirada de O Homem sem Qualidades; no bicentenário do nascimento de Baudelaire, Ana Rocha, crítica de música e investigadora, evoca o poeta de As Flores do Mal na sua relação com a música de Wagner; Carla Baptista e Paulo Pena discutem o jornalismo político e a relação dos jornalistas com o antigo presidente norte-americano Donald Trump; e o escritor Rui Manuel Amaral descreve a cidade do Porto, a real e a imaginária.
Ainda nesta edição, o arquitecto e editor espanhol Moisés Puente analisa uma nova forma de entender a arquitectura construída a partir das imagens e da fotografia de arquitectura; a historiadora de arte Gillian Sneed escreve sobre a obra do artista português Gaëtan a partir das metodologias críticas da teoria queer; a curadora Julia Albani faz-nos um relato da 17.ª edição da Bienal de Arquitectura de Veneza; o ensaísta João Oliveira Duarte fala-nos de Todos os poemas de Hölderlin e o diplomata Bernardo Futscher Pereira da palavra “bazuca”.