Desde o final da década de 80, após um período de flutuação a que se chamou, justificadamente, «pós-modernismo», a evolução rumo a uma arte que utiliza todos os media possíveis para todas as propostas possíveis sofreu uma aceleração.
No mesmo período, os dispositivos estético-técnicos invadiram as ruas, as lojas, os centros comerciais, as estações de comboio e os aeroportos, os espaços públicos, os átrios das empresas e os escritórios, os estúdios de televisão, as salas de espectáculos e as discotecas. Em todos os domínios, o mundo que nos rodeia estetizou-se: estéticas corporais, design de objectos e de ambientes, estetização do consumo, do turismo — e até estetização moral, sob a forma do politicamente correcto e do bem-pensar.
O público habituou-se a este duplo regime estético: na vida quotidiana, tira partido da beleza ambiente; no mundo da arte, aceita praticamente tudo. Na verdade, as produções artísticas funcionam exactamente como os ambientes onde todos nos achamos diariamente mergulhados.
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