Desmontar o programa identitário que domina o mundo, fazer da contracorrente uma crítica das crenças e pressupostos da identidade que exclui a diferença e anula a alteridade, é o que propõe neste artigo o filósofo Frédéric Neyrat, professor de Literatura Comparada na Universidade de Wisconsin-Madison, autor de L’Ange noir de l’histoire – Cosmos et technique de l’Afrofuturisme.

Jean-Christophe Bailly é ensaísta, filósofo, poeta, dramaturgo, habitante de fronteiras entre os géneros e praticante de um nomadismo ensaístico e literário: a pintura, a fotografia, a literatura, a poesia, a arquitectura — nenhuma arte está ausente da sua obra. Ele, que escreveu muito sobre cidades e sobre a «paisagem» do território francês (num livro intitulado Le Dépaysement, que o autor definiu como «sobre a França»), escreveu este texto sobre as relações muito pouco evidentes entre literatura e arquitectura, entre uma arte que está do lado da fluidez e da impermanência, e outra que é toda ela solidez e tende para uma espécie de eternidade.

Um conjunto de cinco textos sobre diferentes temas da nossa época constituem o dossier deste número inaugural da Electra. Pensar o tempo em que vivemos, nalgumas das suas manifestações evidentes ou nos traços menos visíveis da sua fisionomia, e apresentá-lo como uma complexa unidade para a qual não temos nome, é uma tarefa essencial da nossa consciência histórica.

Um conjunto de cinco textos sobre diferentes temas da nossa época constituem o dossier deste número inaugural da Electra. Pensar o tempo em que vivemos, nalgumas das suas manifestações evidentes ou nos traços menos visíveis da sua fisionomia, e apresentá-lo como uma complexa unidade para a qual não temos nome, é uma tarefa essencial da nossa consciência histórica.

O conflito israelo-palestiniano entrou numa fase marcada pela lei que define Israel como «Estado- -nação do povo judeu» e o hebreu como a sua única língua oficial. Uma filósofa italiana, Donatella Di Cesare, e um importante autor francês de estudos literários, Éric Marty, ambos com obra e intervenção pública sobre Israel, o judaísmo e a questão judaica, comentam esta lei, avançando por caminhos diferentes, quanto ao seu sentido, o seu alcance e as suas consequências.

Professor de literatura francesa moderna e contemporânea, Dominique Rabaté escreve sobre a «bio-ficção», acrescentando-a à bem afortunada — pelo menos em França — autoficção. A «bio-ficção», segundo Rabaté, designa um género que consiste na narração da vida de outra pessoa, mas em que os elementos biográficos são postos ao serviço da ficção.

O filósofo italiano Francesco Masci, radicado em França, desenvolve neste artigo uma ideia radical: a de que o entertainment é muito mais do que um aspecto da cultura actual, é «o estádio mais avançado da cultura absoluta», o fenómeno que organiza todas as dimensões da sociedade moderna.

Escrito poucos dias antes das eleições legislativas em França, este texto de Lionel Ruffel — ensaísta, investigador e professor de Literatura na Universidade Paris 8 — responde com emoção à situação política da crise, e à expectativa que ela engendrou, no país que fez emergir o novo por excelência, sob a forma da «revolução».

A obra de Álvaro Lapa (Évora, 1939 – Porto, 2006) desenvolve-se, no contexto histórico dos anos 60 portugueses, à margem das referências culturais dominantes, declinando uma cultura alternativa (saída de toda a herança histórica — dos romantismos aos surrealismos — e da produção concreta da Beat Generation).

Convidado pela Electra a escrever um diário durante um período de tempo, o prestigiado escritor, ensaísta e professor brasileiro Silviano Santiago registou em tom sereno e subtilmente desencantado momentos do seu quotidiano — actos, encontros, reflexões, revisitações literárias —, cruzados com a tensa vida política e cultural do Brasil de Bolsonaro.