O número 21 da revista Electra, edição de verão, tem como “Assunto” central o “Ócio e o Lazer”, dois conceitos com uma longa história. Desde a primeira metade do século XX, os regimes do ócio e do lazer sofreram mudanças que, com as transformações económicas, sociais e culturais, alteraram profundamente a sua natureza, nos seus valores, práticas, espaços, modalidades e significados. Numa perspectiva que analisa a condição contemporânea do ócio e do lazer, publicamos neste dossier uma entrevista com Franco «Bifo» Berardi, figura fundamental do pensamento contemporâneo, e um ensaio do reconhecido arquitecto e crítico Mark Wigley. Com uma valiosa diversidade de pontos de vista, incluem-se também textos de André Barata, Claire Siegel, Raúl Rodríguez-Ferrándiz e Francesco Masci.
Alejandro Aravena, arquitecto vencedor do Pritzker Prize em 2016, é entrevistado pela investigadora e arquitecta Ana Vaz Milheiro para a secção “Primeira Pessoa”. Numa conversa em que aborda o seu percurso pessoal, fala também da relação entre arquitectura, habitação, sociedade, sustentabilidade e natureza. O arquitecto chileno dá-nos ainda conta da experiência de projectar e construir em Lisboa.
Na secção “Planisfério”, os fotógrafos e editores André Príncipe e José Pedro Cortes continuam a série concebida para a Electra, que iniciaram em Tânger e prosseguiram no Cairo. Desta vez, o encontro foi com o fotógrafo francês Bernard Plossu, em La Ciotat, numa viagem que terminou na Córsega. Numa entrevista que se tornou muito íntima, falam da vida, de viagens, da paixão do deserto, do tempo que passa, de fotografia, de fotógrafos, de livros de fotografia e também do trabalho que Plossu fez em Portugal.
Na Electra 21, o movimento woke, que convocou para o espaço público formas de luta e antagonismos de um novo tipo, onde se investem posições exacerbadas, é abordado por dois textos que participam dessa divisão: o da escritora e filósofa Véronique Bergen e o da investigadora e filósofa Carolina Flores. Na secção “Metropolitano”, o designer gráfico, investigador e professor holandês Ruben Pater, numa conversa com Frederico Duarte, fala dos seus livros e da sua concepção do design como prática de cidadania.
Ainda neste número da Electra, Joana Bértholo escreve sobre a palavra “Trans”; o artista Gonçalo Pena apresenta 21 desenhos inéditos; a poeta e ensaísta austríaca Ann Cotten visita Steyr, uma cidade da Alta Áustria, que alia uma natureza poderosa com a memória histórica e cultural e com o património fabril e industrial; Luca Mazzocchi escreve sobre o grande escritor Carlo Emilio Gadda, falando da sua obra, labiríntica e complexa, e da recepção dela; José Manuel dos Santos comenta uma declaração do Papa Francisco sobre a homossexualidade, dando-lhe uma perspectiva histórica; e João Oliveira Duarte regista a edição de um vastíssimo volume que reúne toda a obra crítica de Joaquim Manuel Magalhães.