Se, para o tentarmos compreender, olhamos o tempo, também o devemos escutar. As vozes, os gritos, os murmúrios, as palavras, as dicções, os silêncios de cada tempo dizem-nos o que esse tempo é.
Nessas palavras ditas e nessas vozes ouvidas, os lugares-comuns e as ideias feitas são das mais reveladoras, sintomáticas e indiciadoras. São, num labirinto de luz, um fio de sombra que guia. Não foi por acaso que Gustave Flaubert se ocupou delas com um desvelo e uma aplicação sem fadiga. O seu Dictionnaire des idées reçues foi-lhe um manual de etologia.