Uma das características da nossa época, que pode ser observada em muitos domínios e a partir de diferentes postos de observação, é a tendência — e esta palavra, em si mesma, já faz parte do complexo — para cultivar e conceder os maiores privilégios a tudo o que se apresenta como novo, que se conforma ao regime geral da novidade como imperativo social e cultural. O novo, neste regime, não é o que interrompe o curso do mundo e do tempo (como foram os fenómenos que seguiram o modelo da revolução; por exemplo, as vanguardas artísticas), mas o que se adequa perfeitamente ao espírito da época, à futilidade do tempo, à «neopatia» vigente. Assim, a atitude que promove o novo como um grande imperativo que se forma na superfície da actualidade não é incompatível com uma posição conservadora. O novo como mandamento satisfaz plenamente os desejos de homogeneização que habitam inevitavelmente a cultura, num tempo em que até a patrimonialização e a museificação tentam inventar factores de novidade.