A destruição parcial, por um incêndio, da Notre-Dame e a resposta imediata de Emmanuel Macron, prometendo que a catedral iria ser reconstruída em tempo recorde, desencadearam uma discussão pública, entre os especialistas, sobre os modos dessa reconstrução e a política do património (o que significa também: a politização patrimonial). Este é o assunto em discussão nos três artigos que se seguem, assinados respectivamente por Salvatore Settis, um dos assinantes de uma carta aberta dirigida ao presidente francês para que seja respeitado o Código do Património, por Carlo Pùlisci, historiador de arte italiano, com muitos trabalhos publicados sobre catedrais, igrejas e a cultura do restauro, e por Pedro Levi Bismarck, arquitecto e investigador na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Somos aqui confrontados com três pontos de vista diferentes que passam, sucessivamente, pelas questões da memória cultural e da crise do património (Settis), pela história e cultura do restauro (Pùlisci) e pela crítica política da lógica e da retórica patrimonialista (Levi Bismarck).