Nasceu muito rica e morreu muito pobre. Entre o nascimento e a morte, todos os dias foram dela. Afirmou que queria fazer de si mesma uma obra de arte. Musa, mecenas e mundana; excêntrica, excessiva e extravagante; livre, liberta e libertina, a sua vida foi uma performance ininterrupta. Coleccionava-se a si própria com a avidez e a obsessão dos coleccionadores insatisfeitos. Foi pintada, desenhada, esculpida, fotografada por dezenas de artistas. Multiplicava a sua imagem para se tornar outra — e só assim ser ela. Deu as festas mais loucas, exibiu os vestidos mais originais, usou as maquilhagens mais tétricas. O seu reino estendeu-se pelos seus palácios e casas: Milão, Roma, Veneza, Capri, Paris, Londres. A «marquesa futurista», como lhe chamou Marinetti, anunciou as modas e adivinhou as atitudes artísticas e culturais do século XX e XXI.