O assunto do dossier desta edição é “Os animais”, que direitos, que limites, que deveres para com eles? A “questão animal” emergiu como uma das grandes bandeiras da contemporaneidade. O sociólogo Alessandro Dal Lago percorre a história da indiferença dos filósofos para com o mundo animal; a filósofa Vinciane Despret analisa o comportamento dos pássaros e as analogias políticas e da imaginação que eles suscitam; o psiquiatra e antropólogo António Bracinha Vieira pensa o que nos une e separa dos outros seres vivos; o filósofo Boyan Manchev fala-nos de ecopolítica e política animal; o professor de neurologia Massimo Filippi aborda a divisão entre Humano e Animal; o cientista Vasco M. Barreto questiona o conceito de especismo.
Hisham Mayet, cineasta, músico, investigador e fundador da editora Sublime Frequencies, é entrevistado pelos fotógrafos e editores André Príncipe e José Pedro Cortes que acompanham essa narrativa de um ensaio visual para este número da Electra.
A história da Marquesa Casati, musa, mecenas, mundana, que fez da sua vida uma obra de arte e anunciou as modas e adivinhou as atitudes artísticas e culturais do século XX e XXI. é contada, por José Manuel dos Santos, na secção “Figura”.
O portfolio deste número é da artista holandesa Magali Reus. Foi concebido e realizado intencionalmente para a Electra e apresenta pela primeira vez o seu trabalho fotográfico. As imagens são acompanhadas por um ensaio do escritor e curador Andrew Durbin.
Na secção “Diagonal”, Salvatore Settis, Carlo Púlisci e Pedro Levi Bismarck discutem o culto do património e o seu uso político a propósito da destruição parcial da catedral de Notre-Dame. Estes textos são ilustrados pelas imagens do fotógrafo André Cepeda.
Nesta edição, o historiador Benedikt Eckhardt comenta uma citação de Gustave Flaubert, de que Marguerite Yourcenar fez o ponto de partida de As Memórias de Adriano; a crítica de teatro e professora Ana Pais fala-nos da arte da performance no espaço público; o professor de literatura e crítico literário Éric Marty narra as suas deambulações pela cidade de Telavive; o poeta e tradutor Daniel Jonas escreve sobre a palavra “contaminar” e a historiadora e curadora Helena Freitas olha as exposições retrospectivas das artistas Berthe Morisot e Dora Maar, apresentadas recentemente em Paris. António Guerreiro e Barbara Chitussi assinalam a morte do crítico literário suiço Jean Starobinski, revisitando temas essenciais da sua obra como a máscara, a melancolia, a sua história e as suas representações.