Neste diário, Pedro Cabrita Reis dá ao mundo o encontro dos seus sentidos. Eles aí estão todos, os cinco, astutos, activos e atentos como antenas às notícias da natureza e às cintilações da cultura.
Para o escultor, pintor, desenhador, bon vivant (no sentido mais literal) e cidadão do mundo, a arte é a vida sem aspas e a vida é a arte sem demoras. Para ele, o mundo é o atelier mais vasto e o atelier é o mundo mais próximo.
As páginas deste diário mostram-se aqui em fac-símile, porque nelas a caligrafia e o desenho cruzam-se, envolvem-se, atravessam-se, possuem-se, pertencem-se — e só nessa imagem, una e única, nos pertencem. Por aqui, passa aquilo que em Cabrita Reis é o mais nítido: uma vitalidade que torna tudo seu.
Composto segundo um calendário íntimo, apresentado como uma notação musical, este «Livro de Horas» fala-nos desse habitar poeticamente o mundo, sem o qual não o habitamos.
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