Uma recordação? Nos anos 80, num congresso anual de historiadores de arte americanos, que reunia nesse ano milhares de intelectuais em pleno Texas, um jovem «desconstrutor» à maneira de Derrida inicia a sua apresentação sem diapositivos (dos quais todos os outros conferencistas usam e abusam) com as seguintes palavras: «Nada de imagens, apenas conceitos!» A assistência fica siderada e inquieta.
A noção de democracia não pode ser estabelecida facilmente nem fixada de maneira estrita e rigorosa. Mas, segundo Paulo Tunhas, professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e colunista do jornal Observador, há algumas condições comuns a todos os regimes ditos democráticos, sem as quais eles deixam de o ser. Essas condições são nomeadas e definidas neste texto.
Confortável usa-se na interrogativa: Sente-se confortável? Esta pergunta nunca denota uma relação íntima entre quem pergunta e quem responde (no amor, o conforto não adianta). Sente-se confortável com as regras da empresa, por exemplo, ou com algo que eu disse que possa suscitar repúdio da sua parte? Pergunta-se pela positiva o que se pressente que incomoda ou ofende. Sente-se confortável em relação ao lugar que deve ocupar, em vez de: sente-se confortável em relação ao lugar de onde não deve sair? O vínculo não é horizontal, é inclinado. Quem pergunta é quem está na posição de proporcionar conforto ou desconforto, um resquício do poder que o senhor feudal tinha sobre a vida e a morte dos servos. Deixá-los viver conferia-lhe magnanimidade automática.
Contaminar, do lat. contaminare («misturar, sujar, conspurcar por contacto»), presta-se a uma certa versatilidade discursiva, subsidiando uma razoável gama de especialidades: alimentar, literária, musical, química, política, linguística, ambiental.
O sociólogo italiano Paolo Perulli, com uma vasta obra na área do desenvolvimento urbano, da logística e do território, faz aqui a genealogia e a história dos «criativos», uma classe que mantém um vínculo necessário com as grandes cidades, mas, na sua heterogeneidade, dificilmente pode ser definida como um grupo social autónomo.
A relação entre crise e jornalismo, tal como a analisa a autora deste artigo, é uma questão consubstancial à nossa modernidade, à época da «incerteza», e não se circunscreve ao contexto e às contingências actuais. A questão da crise do jornalismo é muito mais problemática do que estamos habituados a pensar: é o que mostra Barbie Zelizer, figura importante dos journalism studies, com destaque para os estudos sobre a relação entre jornalismo e memória histórica e cultural.
Em Março deste ano, numa entrevista ao canal de televisão de direita norte-americano Fox News, perguntaram a Bethany Mandel — autora do livro anti-woke Juventude roubada: Como os radicais estão a acabar com a inocência e a endoutrinar uma geração — como definiria o termo «woke». Mandel hesitou várias vezes — «hum, quer dizer, woke é tipo a ideia de que, hum… bem, woke é uma coisa muito difícil de definir» —, tendo acabado por seguir a definição quase incompreensível de que «é a ideia de que precisamos de reimaginar e reduzir totalmente a sociedade para criar hierarquias de opressão». Como a própria antecipou, esse momento tornar-se-ia viral.
A «indústria cultural», tal como ela foi descrita por Adorno e Horkheimer, impôs uma nova relação entre cultura e tempo livre. Partindo das análises da Escola de Frankfurt, Raúl Rodríguez-Ferrándiz, professor no Departamento de Comunicação e Psicologia Social da Universidade de Alicante, autor, entre outros livros, de Mascaras de la mentira: el nuevo desorden de la posverdad, escreve sobre o regime do entretenimento sob a condição da cultura digital.
Conhecida sobretudo pelos importantes livros e artigos sobre Leibniz e sobre a Enciclopédia, a professora na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Olga Pombo, escreve sobre o que a ciência e todo o conhecimento, desde Aristóteles, devem à curiosidade.
No dia 26 de Novembro de 2011, às 15h02 (UTC), foi lançada da Estação do Cabo Canaveral, na Flórida, uma sonda espacial com destino a Marte, aonde chegou no dia 6 de Agosto de 2012, às 5h17, depois de uma viagem de 560 milhões de quilómetros. Com uma missão de exploração planetária e de investigação científica, em várias disciplinas, à sonda foi dado o nome de Curiosity.