Os olhos gigantescos de Giancarlo Giannini em Pasqualino Settebellezze, os rostos e cabeleiras a ocupar a totalidade do ecrã em Love and Anarchy de Lina Wertmüller. A paleta maneirista. A luz do talho e os humanoides informes em The Brood mais os bolbos que são bolsas que são placentas no corpo dela. Formam personagens, ou antes, entidades, porque situadas na zona limiar já não humana nem natural, antes natura desnaturata tida como origem atmosférica de tudo isto. Finalmente e sempre nos entremeios, as mãos Disney ou luvas Rato Mickey invertidas, em queda, são pincéis e esfregonas porque a inteligência é varrimento, segundo Simone Weil à luz da luz. Manet e os neutros quentes e frios, a mestria do espargo e toda a stillleben ad oleo nele contida. Espargo em núpcias com o branco leitoso da mesa e já deitado, como um pennello no fim da jorna, posto a descansar. Seguindo, talvez mal, mas ainda bem, o exemplo de Rosalba Carriera, fiz-me aos pastéis e com eles à jouissance do Peso&Graça. Tudo é pó, já dizia Li Po.
Furo
Exercícios de admiração
Neste «Furo», revelamos obras muito recentes de Francisca Carvalho, que fazem parte de uma série caracterizada por uma grande intensidade cromática, constituindo isso uma marca fundadora do seu trabalho. Ao dar-lhe o título de Exercícios de admiração, a artista convoca as suas afinidades electivas e de algumas delas fala no texto de apresentação que escreveu para esta secção da Electra. O caminho artístico de Francisca Carvalho tem passado por várias geografias e dessa sua experiência do mundo ela recolhe os signos, as formas e as cores que, apropriadas e transformadas pela imaginação criadora, dão à sua arte uma pulsação universal.
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