Yves Michaud, destacado autor de livros de estética, crítica de arte e filosofia política, tem tido uma importante intervenção em França nas polémicas e discussões públicas sobre a arte contemporânea. Neste artigo, aborda o problema e os desafios com que a arte está confrontada nesta época de estetização generalizada e propõe a noção de «Zonas Estéticas Protegidas» como um conceito crítico fundamental na sua análise.

A arte contemporânea pode ser vista e analisada como um sistema constituído por diversas figuras e instituições que estão na dependência umas das outras ou estabelecem relações recíprocas. Esse mapa que a sociologia da arte tem desenhado é muito mais difícil de traçar quando se utiliza um critério estético, não só porque a pergunta «o que é o contemporâneo?» não tem uma resposta única, mas também porque o panorama é heteróclito e sem sinais de orientação. Mas isso não foi um obstáculo à fortíssima irradiação da categoria chamada «arte contemporânea».

O crítico cultural e artista Paul Werner, autor de um livro intitulado Museum, Inc.: Inside the Global Art World, uma reflexão e um testemunho críticos a partir da sua experiência no Museu Guggenheim de Nova Iorque, escreve sobre as instituições da arte em tempo de mudanças radicais e sobre a arte como uma mercadoria paradoxal.

Artista nascido no Montenegro e a viver em Paris, Jovan Mrvaljevic colabora neste dossier com um texto sobre as relações do mundo da arte com a indústria do luxo e o star system, criando um ambiente marcado pelos programas das grandes instituições.

O crítico de arte e artista norte-americano Gregory Sholette, que às relações entre arte e política tem dedicado uma grande parte do seu trabalho teórico, escreve aqui, em termos muito críticos, sobre os NFT, isto é, non-fungible tokens, uma inovação digital que está a subverter o mercado da arte e a criar estranhos fenómenos.

Uma frase de Robert Musil, em que o autor de O Homem sem Qualidades, com a atitude crítica do modernismo vienense, manifesta um enorme cepticismo em relação à ideia de progresso, é aqui comentada e analisada por Dario Gentili, professor de filosofia na Universidade Roma Tre.

No bicentenário do nascimento de Baudelaire, Ana Rocha, crítica de música, investigadora e autora de textos dramáticos que têm como personagens artistas e escritores do século XIX (Courbet, Antero de Quental), evoca o poeta de As Flores do Mal na sua relação com a música de Wagner.

Esta entrevista ao filósofo Didier Eribon, com paragem obrigatória no autobiográfico Regresso a Reims, o seu livro que teve uma enorme repercussão internacional, mostra as potencialidades de um «pensamento crítico» que atravessa disciplinas, desdenha das respectivas fronteiras e cria instrumentos teóricos de crítica e análise política e sociológica.

A relação de Donald Trump com o jornalismo e, reciprocamente, a relação dos jornalistas americanos com Trump configuraram um campo de batalha e forneceram um capítulo importante e até exaltante na história do jornalismo político do nosso tempo, onde não faltam desvios problemáticos. Escrevendo de lugares diferentes, Carla Baptista, professora na Universidade Nova de Lisboa, especialista em história dos media e do jornalismo, e Paulo Pena, jornalista, pertencente a uma equipa multinacional de jornalismo de investigação (Investigate Europe), analisam e discutem estas questões.

Não foi o combate do século, mas quase. Donald Trump contra a Democracia ainda não deu um livro tão bom como aquele que Muhammad Ali contra George Foreman, em 1974, inspirou a Norman Mailer (A Luta, publicado nos Estados Unidos em 1975), mas partilha a característica dos bons romances: personagens magnéticas que silenciosamente transportam o peso do seu tempo.