Conhecido como «o pai das relações públicas», este título inocente ilude aquilo de que muitos o acusam — de ter sido o pai da manipulação de massas e o inventor do marketing e da propaganda moderna. Duplamente sobrinho de Sigmund Freud, o austro-americano Edward L. Bernays foi um spin doctor pioneiro e teve uma longa vida de 103 anos de aventureiro (1891–1995). Dotado de uma eficácia proporcional ao seu desprezo pelos seres humanos sobre os quais agia, criou teorias e práticas para os dirigir e levar a fazer o que queriam que eles fizessem os que lhe pagavam. Sabia criar desejos e necessidades, montar campanhas (muitas vezes negras) e polémicas, lançar modas e costumes, suscitar amores e ódios, gerar ilusões e decepções. Actuava sobre as crenças individuais e os imaginários colectivos. Pensava que, em vez de suplicar ao cliente que comprasse um produto, era preciso que o cliente suplicasse que o produto lhe fosse vendido. Nos livros que publicou, não esconde os seus desígnios «maquiavélicos» de poder fáctico e de domínio psicológico. Da conspiração política nacional e internacional ao complot financeiro e comercial, de tudo se ocupou com diabólico engenho e astuto cinismo, tornando-se indispensável para os que o contratavam. Foi considerado pela revista Times como um dos cem americanos mais influentes do século XX. Michael Molnar, historiador da psicanálise, investigador e antigo director do Museu Freud, dá-nos aqui o perfil de Edward L. Bernays. As ideias e métodos de Bernays reconhecem-se no nosso tempo. Até há quem ache que muitos líderes actuais têm os seus livros à cabeceira da cama…