Furo
On crossing
Vânia Gala

PASSAR. Aplicar, pôr, colocar, espalhar, atravessar, transpor, deixar atrás, exceder, empregar, gastar, trespassar ou vender, engomar, filtrar, coar, transmitir ou ser transmitido; divulgar ou ser divulgado (por exemplo: a rádio passou o falecimento, mas a televisão não; isso passou nas notícias), propagar-se, pôr em circulação, fazer secar ao sol ou ao calor, omitir, transcender, ultrapassar, transmitir, desaparecer, fugitivo, atravessar, evaporar, continuar, dar, mover, voar, fluir, transitar, fugaz.

No jardim, as raízes subterrâneas interligam-se, misturam-se e ajudam-se.

O passar de folhas assemelha-se ao jardim no sentido de que existem vários posicionamentos e modos de expressão em constante formação.

O passar de folhas da porosidade entre corpos, da transmissão opaca de práticas como o acto de passar folhas e os seus aspectos performativos, coreográficos e especulativos. Passar folhas como acto performativo que usa folhas existentes nos jardins crioulos para afastar maus espíritos em posição assumida em, com ou dentro de corpos.

«Passar» entende-se como o passar de passagem de linguagem que «passa mas fica», que se transmite opacamente entre corpos como as frequências de rádio invisíveis por processos invisíveis.

Mas passar faz uso também da passagem das diferentes frequências sonoras, da sua elasticidade e sampling como forma de alteridade e transformação. A materialidade do som é explorada. Som como matéria, frequências de rádio, encontrando-se ou desencontrando-se, ampliando-se e distorcendo-se.

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