O trabalho de Kara Walker, uma das mais destacadas artistas plásticas americanas da actualidade, inclui silhuetas pintadas, impressões, instalações e filmes, e tem sido apresentado em instituições como o MoMA e o Whitney Museum (ambos em Nova Iorque), o Museu de Arte Contemporânea de Chicago e mais recentemente na Tate Modern de Londres. Em Junho de 2021, a sua próxima exposição individual, A Black Hole is Everything a Star Longs to Be [Um buraco negro é tudo o que uma estrela deseja ser], mostrará mais de seiscentos desenhos no Kunstmuseum, em Basileia, que irão depois para o Schirn Kunsthalle em Frankfurt e para o De Pont Museum of Contemporary Art, na Holanda.
Walker aborda temas políticos e sociais como o racismo, as questões de género, a sexualidade, a violência e a identidade. Embora tenha começado por captar a atenção do público com as suas silhuetas de papel que retratavam cenas da escravatura nas plantações sulistas dos EUA, nos últimos anos o seu trabalho passou das enigmáticas sombras que se tornaram a sua imagem de marca para instalações públicas monumentais.
A mais notável dessas instalações é uma figura negra numa postura de esfinge com vinte e três metros de altura, coberta de açúcar e com um título muito explicativo: A Subtlety, Or… the Marvelous Sugar Baby, an Homage to the unpaid and overworked Artisans who have refined our Sweet tastes from the cane fields to the Kitchens of the New World on the Occasion of the demolition of the Domino Sugar Refining Plant [Uma subtileza ou… a maravilhosa Sugar Baby, homenagem às exploradas e não remuneradas Artesãs que refinaram os nossos doces sabores levando-os dos campos de cana-de-açúcar para as cozinhas do Novo Mundo por ocasião da demolição da refinaria Domino Sugar] (2014). Quando esta peça, comissariada pela Creative Time, foi exibida na antiga fábrica Domino Sugar em Williamsburg, Brooklyn, o crítico da New Yorker Hilton Als descreveu-a como uma instalação resultante da convicção da artista de que «os fantasmas têm impacto sobre nós porque a história não se apaga». De certa forma, aquilo que Als diz sobre esta peça capta a essência de todo o trabalho de Walker — é através de uma relação constante com as sombras do passado que a artista desenvolve uma narrativa histórica capaz de comunicar com o presente. Walker sublinhou numa entrevista:
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