A fama é hoje, na sociedade da comunicação generalizada, dotada de um enorme arsenal de instrumentos tecnológicos, um conspícuo objecto de desejo, uma aspiração que nem precisa de ser justificada por feitos ou obras de excepção porque aparecer e ser conhecido em larga escala se tornou um fim em si mesmo. Famosos, celebridades, vedetas, estrelas: eis uma vasta constelação de figuras da fama, verdadeiros actores sociais que atravessam hoje o nosso universo com uma grande velocidade e de maneira efémera. As regras e os factores da fama e da celebridade ao longo da história são determinados pela estrutura do espaço público e pelos códigos e técnicas de socialização. Assim, a televisão, com todo o seu poder de criar e difundir uma imagem, determinou uma nova época na história da fama que ainda não chegou ao fim, muito embora conte hoje com a fortíssima concorrência da Internet e das redes sociais que introduziram novas regras na forma e na frequência da difusão que constrói a fama. Para trás, sujeitas a formas de legitimação que perderam muita da sua força, ficaram o prestígio, o reconhecimento e a autoridade — figuras que partilhavam com a fama um espaço comum.