Hal Foster tem vindo a desafiar os limites da crítica cultural há mais de quarenta anos, seguindo a tradição modernista do intelectual público que passa em análise a cultura contemporânea através de um profundo compromisso com a escrita da História. A reputação de Foster como crítico penetrante e historiador visionário tem um alcance para lá das fronteiras disciplinares da arte contemporânea e moderna, estendendo-se também pela arquitectura, design, literatura e teoria. Formado intelectualmente enquanto crítico de arte em Nova Iorque no ambiente radical do final dos anos 70, seriamente investido nas leituras revisionistas de Marx, Freud, Nietzsche e Lacan, e tendo ganhado notoriedade durante as guerras culturais dos anos 80 perante o contexto de expansão do mercado de arte e das Indústrias Culturais, Hal Foster dedicou boa parte da vida a explorar os potenciais e as limitações da crítica. Este ano assinala-se o quadragésimo aniversário do primeiro volume que publicou, The Anti-Aesthetic: Essays on Postmodern Culture, uma antologia pioneira que reuniu críticos destacados, como Rosalind E. Krauss, Jürgen Habermas, Fredric Jameson e Edward Said, para cartografar o terreno contestado da arte e pensamento pós-modernos. Como Foster declarou noutro livro que se tornou, entretanto, leitura obrigatória para quem estuda arte, The Return of the Real (1996): «Tenho alguma distância em relação à arte modernista, mas pouca em relação à teoria crítica [...], formei-me enquanto crítico [...] numa altura em que a produção teórica se tornou tão importante quanto a produção artística.» E, todavia, acrescenta: «Quanto à teoria crítica, tenho o interesse de um iniciado de segunda geração, não o fervor de um convertido da primeira geração.»
Hal Foster é professor de Arte e Arqueologia na Universidade de Princeton, onde ensina arte e teoria modernista e contemporânea. Foi editor da revista Art in America até 1987, ano em que se tornou director do departamento de Estudos Críticos e Curatoriais no Museu Whitney, em Nova Iorque, até 1991. Além dos seus livros de história da arte, que incluem Compulsive Beauty (1993), Design e Crime (2002), Prosthetic Gods (2004), The Art-Architecture Complex (2011), Maus Novos Tempos (2015), Foster foi um dos fundadores da revista e dos livros da Zone, e continua a publicar regularmente na Artforum, London Review of Books, New Left Review e October, da qual é editor desde 1991. Entre os seus livros mais recentes, destaca-se What Comes After Farce? Art and Criticism at a Time of Debacle (2020), que explora como vários artistas respondem ao momento político actual, além de Brutal Aesthetics: Dubuffet, Bataille, Jorn, Paolozzi (2020), uma nova abordagem histórica a artistas e a pensadores ocidentais no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, adaptado a partir das prestigiadas Conferências A. W. Mellon que proferiu na National Gallery of Art, em Washington, em 2018. Hal Foster conversa com a Electra sobre o que significa ser-se crítico na conjuntura actual.
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