Metropolitano
Ritmos sensíveis
Ana Pais

Uma cidade também se faz das intenções e das vontades, dos gestos e dos actos que a atravessam de outros movimentos e a cobrem de diferentes ritmos. Observando-a nos seus caminhos e obstáculos, desvendando-a nas suas aberturas e fechamentos, agir performativamente na cidade é, ao mesmo tempo, confirmá-la e transformá-la, percorrê-la e perscrutá-la, transpô-la e transcendê-la, preservá-la e perturbá-la. É dar à sua estabilidade uma instabilidade, à sua perenidade uma efemeridade, à sua permanência uma partida, à sua forma uma metamorfose. A arte da performance é sempre uma práxis: transformamo-nos ao transformar, tornamo-nos no que somos e no que não somos. É disso que nos fala aqui Ana Pais, crítica de teatro e professora, investigadora e organizadora da obra Performance na Esfera Pública.