Depois de décadas de um silêncio podre, há mais um ano que episódios díspares alimentam uma discussão persistente sobre o racismo e a herança colonial: de um antigo entreposto de comércio negreiro (Senegal), o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa entendeu que era pertinente frisar a abolição da escravatura pelo Marquês de Pombal; uns skinheads vigiaram uma estátua do Padre António Vieira, por muitos visto como um «esclavagista selectivo»; o Ministério Público acusou agentes da PSP de insultos e agressões racistas a jovens da Cova da Moura; com a polémica sobre o nome «Museu das Descobertas», percebeu-se que o diacronismo de uma única palavra chega para traçar o retrato psicanalítico de um povo. Nos EUA, também as latentes tensões raciais, que Obama não quis abordar, reemergiram com a chegada de um Presidente racista à Casa Branca e a força crescente da política identitária. Correndo o risco de passar por estrangeirado ou algo pior, aproveito esta onda para lembrar a polémica sobre a inteligência das diferentes etnias, porque é a derradeira vexata quaestio.
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