Figura
Annemarie Schwarzenbach, viajante pela palavra e pela fotografia
Gonçalo Vilas-Boas

Escritora, jornalista e fotógrafa, Annemarie Schwarzenbach é uma das figuras mais fascinantes de um tempo — a primeira metade do século XX — em que aconteceu o melhor (na arte, por exemplo) e o pior (na política, é o caso). Esteve em Lisboa duas vezes. Foi uma grande viajante (Europa, Estados Unidos, Médio Oriente, África) e na sua obra há as pegadas de um andar incessante pelo mundo. Sempre em fuga de si mesma, era uma personalidade andrógina e de costumes livres, com uma vida amorosa vagante, cujo retrato é aqui traçado por Gonçalo Vilas-Boas, que a tem estudado com profundidade. Nasceu na Suíça, numa família com dinheiro e prestígio. Estudou nas melhores escolas e teve todas as oportunidades. Mas havia nela uma insatisfação insaciada que se tornou vício e vertigem. Viveu uma vida breve (trinta e quatro anos) e atormentada, veloz e aventurosa, cercada por guerras, drogas, suicídios e depressões. Mas o seu encanto confunde-se com a memória que dela nos ficou.