De Jean Starobinski, que faleceu em Genebra, a sua cidade natal, em Março deste ano, já se disse que era o maior crítico literário do século XX. Mas «crítico literário» é uma classificação muito insuficiente para este homem que fez a sua formação universitária em letras clássicas e, simultaneamente em medicina, tendo trabalhado como interno de um hospital durante cinco anos. Atravessou com um enorme poder de iluminação a história das ideias, da literatura e da arte, e praticou a leitura e a interpretação temáticas como mais ninguém o fez. A melancolia, a sua história e as suas representações, é um tema presente em toda a sua obra, como é dito no texto de António Guerreiro, que recupera parte de uma entrevista que lhe fez, por ocasião de uma conferência que «Staro», como era chamado pelos amigos, deu no Porto, em Julho de 1990. O autor de um estudo magistral sobre Rousseau marcou de maneira indelével os estudos sobre o século XVIII e foi sobretudo ao solo e ao subsolo desse século que foi buscar o tema da máscara, tão recorrente que irradia em todas as direcções da sua obra e prende-se ao próprio rosto do autor, como mostra Barbara Chitussi, que retoma aqui uma leitura da obra de Starobinski iniciada com um ensaio intitulado Jean Starobinski e la conoscibilità della maschera.