«Nunca se mentiu tanto como nos dias de hoje. Nem alguma vez se mentiu de uma maneira tão descarada, sistemática e constante.», escreveu o filósofo francês de origem russa Alexandre Koyré, durante a Segunda Guerra Mundial. Esta afirmação assume no nosso tempo uma nova e inesperada validade. A história da humanidade é inseparável da história da mentira, registando as suas formas e metamorfoses ao longo dos séculos e segundo os paradigmas de cada tempo e as suas práticas sociais, económicas, culturais e religiosas. “A mentira”, um tema ao mesmo tempo muito universal e muito contemporâneo, é o assunto do dossier central da Electra 25, que conta com contribuições que abordam a política, a arte e as imagens, o regime mediático da pós-verdade e as fake news, as etapas da história natural filogenética e a hegemonia da técnica. Sobre “A mentira” escrevem Martin Jay, Bárbara Reis, Daisy Dixon, Myriam Revault d’Allonnes, Peter Hill e António Bracinha Vieira.
Pelo centenário da morte de Franz Kafka, são publicados nesta edição três artigos sobre o escritor checo: um de Gianluca Cuozzo, sobre as representações da burocracia e do exercício do poder; outro de António Guerreiro centrado nas questões biográficas; e, por último, um artigo de Jacques Le Rider, sobre a condição bilingue de Kafka, a sua relação com as línguas alemã e checa, e o contexto histórico e linguístico de Praga.
Simon Critchley, um dos filósofos mais prolíficos e populares das últimas décadas, fala com a Electra sobre alguns dos temas que têm vindo a orientar o seu trabalho, desde o lugar da filosofia na sociedade contemporânea à desilusão com a democracia liberal, da importância cultural do futebol até ao desafio de uma escrita autobiográfica. O portfólio deste número é da autoria de João Penalva, um artista amplamente reconhecido pelos seus trabalhos de cruzamento do vídeo, da instalação, da fotografia, da música, da performance, do texto e da imagem, e que aqui apresenta uma série inédita de fotografias.
Na secção “Figura”, Anabela Becho, historiadora de moda, curadora e investigadora, mostra-nos como a grande pintora americana Georgia O’Keeffe fez da maneira como vestia o seu corpo uma afirmação como mulher e artista moderna. Numa nova secção da Electra, intitulada “Arca de Noé”, o sociólogo italiano Vania Baldi, elabora uma reflexão que contraria a crença ilimitada e a negligência ética em relação aos novos sistemas da Inteligência Artificial.
Ainda nesta edição, a jornalista Alexandra Prado Coelho e o professor de semiótica Gianfranco Marrone comentam uma afirmação provocadora do famoso e temido crítico gastronómico espanhol Rafael García Santos; Marta G. Franco faz-nos um relato da Semana Santa de Sevilha; o crítico de arte José Marmeleira escreve sobre um livro recente de Hal Foster, um dos mais importantes críticos e historiadores de arte norte-americanos, e António Guerreiro sobre a palavra “Comentador”.
A Electra é media partner da Representação Oficial Portuguesa na 60. ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia 2024, que tem como tema "Estrangeiros em Todos os Lugares".
A Electra está presente na edição inaugural da Lisbon Art Book Fair, que se realiza no Museu de Arte Contemporânea / Centro Cultural de Belém, em Lisboa, nos dias 21 e 22 de Setembro.
O sociólogo italiano Vania Baldi, autor do ensaio Entre inconsciência artificial e Machina sapiens, publicado na edição 25 da Electra, foi entrevistado pelo jornal Público.
A Electra está presente na Feira do Livro do Porto (23 de Agosto a 8 de Setembro) e na Festa do Livro no Palácio de Belém (5 a 8 de Setembro).